O Estado do Maranhão
09/10/2010
O Estado do Maranhão
09/10/2010
Para tornar viável economicamente o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, e resolver o problema da disputa de terras com os quilombolas, o governo tomou duas decisões. Além de ampliar de 8,7 mil hectares para 20 mil hectares a área destinada à construção de um corredor de lançamentos de foguetes e equipamentos espaciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que a Advocacia-Geral da União (AGU) faça um parecer técnico e jurídico consolidando a nova destinação das terras da região.
Silvio Ribeiro/AELocal do projeto. Por causa da disputa com 2 mil quilombolas, construção da sede da Cyclone Space chegou a ser ameaçada
Depois do parecer da AGU, os quilombolas residentes na área de Alcântara ainda ficarão com 42 mil novos hectares de terra. Essa definição, mesmo com a AGU ainda trabalhando no documento, foi fundamental para que o governo ucraniano não voltasse atrás na parceria com os brasileiros para construir dentro da base de Alcântara um sítio de lançamento do foguete Cyclone-4.
Brasil e Ucrânia criaram em agosto de 2006 a Alcântara Cyclone Space (ACS). A empresa binacional serve para incrementar a cooperação com o Brasil – para trabalhar no programa do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1) – e, ao mesmo tempo, usar a base maranhense como plataforma de lançamento de satélites comerciais.
Por causa da disputa de terras envolvendo a Aeronáutica e cerca de 2 mil quilombolas, o início da obra da sede da empresa chegou a ser ameaçado.
A pedra fundamental da obra da Cyclone Space foi lançada em 10 de setembro passado e a expectativa da binacional é lançar o primeiro foguete em 2012. A ACS é responsável pela comercialização e operação de serviços de lançamento utilizando o veículo lançador Cyclone-4.
Acordo final. O governo decidiu ceder parte da área para os moradores da região e a expectativa é de que, depois do parecer da AGU, seja selado o acordo final para encerra a disputa.
O importante para o Planalto e os sócios do programa especial brasileiro é que o Centro de Lançamento de Alcântara tenha pelo menos 20 mil hectares de área contínua e correndo junto à costa – o que aumenta a segurança dos lançamentos.
Para fugir da disputa, a Cyclone Space chegou a pensar em se instalar fora da base de Alcântara, mas acabou optando pela fixação na área militar, pagando um aluguel de R$ 113 mil.
A parceria entre Brasil e Ucrânia previa investimentos de US$ 105 milhões de cada país, montante que já foi ampliado para US$ 475 milhões.
O presidente da ACS, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, procurou a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, atual candidata ao Palácio do Planalto pelo PT, para que incluísse o projeto no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A demanda está feita, mas o governo ainda não decidiu sobre a inclusão dos investimentos de Alcântara no PAC.
Economia. O espaço definido para o CLA permitirá a ampliação imediata de 3 para 15 das áreas de lançamento em Alcântara – mais adiante, pode chegar a 23, revertendo um período de dificuldades orçamentárias e técnicas que culminaram, em agosto de 2003, com a tragédia do incêndio e explosão da torre de lançamento, quando morreram 21 técnicos.
Por ser próximo da linha do Equador, o centro permite uma economia de 30% no gasto de combustível para o lançamento de foguetes. Isso permite ainda a ampliação em 30% da carga a ser transportada pelo equipamento, tornando o local muito atrativo e competitivo.
A cadeia de atividades espaciais no mundo movimenta US$ 250 bilhões. Cada lançamento pode render ao País de US$ 40 milhões a US$ 50 MILHÕES.
Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101005/not_imp620473,0.php
Fonte: Com informações do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA)
Fonte: http://brazilianspace.blogspot.com/2010/10/operacao-fogtrein-ii-2010.html
Bruna Castelo Branco
Enviada especial
01/10/2010
A binacional ucraniano-brasileira Alcântara Cyclone Space (ACS) divulgou ontem (23) um press release sobre o lançamento da pedra fundamental no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, no início deste mês. O texto traz algumas informações interessantes, como uma avaliação do mercado de lançamentos (com base em dados da Euroconsult).
Apesar dos dados da Euroconsult serem relativamente confiáveis (para algumas pessoas do mercado, até mesmo conservadores), a ACS não detalhou a faixa que pretender explorar, e nem como alcançará o número sugerido (seis) de lançamentos anuais. Dado avanço na materialização do projeto da joint-venture, seria bastante pertinente que a empresa divulgasse mais dados sobre o seu plano de negócios e estratégias para a superação dos principais “defeitos” – se assim pode-se chamar – da iniciativa ucraniano-brasileira. Do ponto de vista técnico, há fortes críticas e dúvidas quanto a baixa capacidade do Cyclone 4 em missões de perfil geoestacionário.
Abaixo, reproduzimos a íntegra do press release:
ACS lança Pedra Fundamental em Alcântara
23/09/2010
A Binacional brasileiro-ucraniana Alcântara Cyclone Space lançou, na manhã de 9 de setembro, as obras de construção do seu sítio de lançamento. Instalado onde futuramente será a entrada da ACS, o monumento foi inaugurado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e pelos diretores gerais da ACS, Roberto Amaral e Oleksandr Serdyuk.
Dentro da chamada Pedra Fundamental, Amaral e Serdyuk guardaram documentos importantes, que ficarão eternizados sob a placa de inauguração das obras. São os casos das licenças que permitiram à Binacional dar início às obras de seu sítio de lançamento e a publicação no Diário Oficial da União do Estatuto da ACS e do Tratado entre Brasil e Ucrânia.
Casa cheia
A cerimônia de lançamento teve início às 11h e durou cerca de uma hora. O público presente foi de aproximadamente 120 pessoas, entre elas autoridades como o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Ganem, o embaixador da Ucrânia no Brasil, Igor Hrushkó, o diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro-do-ar Ailton dos Santos Pohlmann, o comandante do Primeiro Comando Aéreo Regional, Major-Brigadeiro Odil Martuchelli Ferreira, o comandante do Quarto Distrito Naval, Vice-almirante Rodrigo Otávio Fernandes de Honkis, o prefeito de Alcântara, Raimundo Soares, e vereadores do município. As comunidades quilombolas de Alcântara também estavam lá.
As obras do sítio de lançamento da Binacional terão início ainda em outubro de 2010. Atualmente, trabalha-se intensamente na supressão vegetal do terreno que abrigará o complexo espacial: uma área de quase 500 hectares do município alcantarense. A expectativa da Binacional é lançar o primeiro foguete Cyclone-4 em fevereiro de 2012.
Veículo lançador
Iniciadas as obras de construção do sítio de lançamento da ACS, chega a hora de voltar as atenções para o veículo lançador Cyclone-4, cujo desenvolvimento e construção estão ocorrendo na Ucrânia. O foguete brasileiro-ucraniano, que conta, paritariamente, com capital dividido entre Brasil e Ucrânia, está em fase final de produção. Assim que ficar pronto, o foguete será propriedade da ACS, igualmente de forma paritária.
O capital social da Binacional Alcântara Cyclone Space, somadas as parcelas que devem ser integralizadas por Brasil e Ucrânia, chega a US$ 487 milhões. Isso significa dizer que cada país investirá na ACS US$ 243,5 milhões até que a Binacional inicie suas operações comerciais, em 2012.
Mercado mundial
O mercado de transporte de satélites é segmentado por tipo de foguete, classificados pela carga que podem transportar, pelo seu alcance ou pela órbita na qual colocarão suas cargas úteis (satélites). A expectativa do mercado de satélites é que boa parte dos que hoje estão em operação na órbita terrestre sejam trocados até 2016. Isso é prova cabal de que o mercado não está estagnado.
De acordo com a estimativa da empresa Euroconsult, um dos líderes mundiais na área de consultoria da indústria espacial, o valor do mercado de lançamentos espaciais nos anos 2009 – 2018 vai atingir quase US$ 60 bilhões de dólares. O mercado é bastante variável, mas anualmente o valor beira a casa dos US$ 6 bilhões. Falando em crescimento do mercado, nos anos 1999 – 2008, o mercado de serviços de lançamentos espaciais faturou US$ 41 bilhões. Tendo isso em vista, espera-se, pois, um crescimento de quase 50%.
A Binacional ACS espera, a partir de 2016, lançar 6 foguetes Cyclone-4 anualmente a partir de seu sítio de lançamento, em Alcântara. De 2012 a 2015, a Binacional espera lançar de 1 a 4 foguetes por ano.
Porto
Atendendo a compromissos internacionais – como é o caso do Tratado entre o Brasil e a Ucrânia, o governo brasileiro deverá construir um porto em Alcântara, o qual, além de atender às necessidades do sítio de de lançamento da ACS, responderá a uma velha reivindicação da população local.
O Brasil e o Estado do Maranhão serão beneficiados com a instalação da referida obra, uma vez que agilizará o transporte de cargas e pessoas de São Luís a Alcântara (em nível regional) e, também, do exterior para o Maranhão (em nível global). Ressalte-se que grandes empresas atuam no Estado do Maranhão atualmente, gerando divisas para o Brasil.
É o caso da Vale, uma das maiores empresas do mundo, e que tem nada menos do que a maior obra de portos em construção do mundo, para receber cargueiros de 500 mil toneladas.
Benefícios para o Brasil
O Projeto Cyclone-4 fará com que o Brasil entre para o rol restritíssimo de países que detêm um programa espacial completo. Isso significa dizer que não mais dependeremos de uma terceira Nação para lançar ao espaço nossos satélites – que servem, entre outras coisas, para monitorar nossas riquezas, nossas fronteiras e nosso litoral.
Com nossos próprios satélites, seremos donos de nossas próprias informações, e não meros receptores de informações sobre nosso País advindas de satélites alugados de outros países.
MA-106
As obras da MA-106 (essa estrada já existia; está sendo reformada e recapeada), indispensáveis enquanto o porto não é construído, custarão R$ 17 milhões. Vale ressaltar que essa estrada é indispensável não apenas para o Projeto Cyclone-4, mas também para a comunidade alcantarense – sobretudo as comunidades quilombolas, uma vez que a mesma faz a ligação interna entre elas. Trata-se de investimento da União no Município de Alcântara que ali permanecerá, para uso das populações.
Possuindo condições geográficas similares às do sítio de lançamento da Binacional ACS, o Centro Espacial Guianês, em Kourou, na Guiana Francesa, custou mais do que custará o sítio da ACS – e ainda há muito o que fazer ali. A respeito disso, ressalte-se que o Centro Espacial Guianês está sendo ampliado: a União Europeia está construindo o sítio do lançamento do foguete russo Soyuz ali.
Os investimentos em Kourou durante os nove anos de desenvolvimento do sítio de lançamento para o veículo Ariane 5 estão na ordem de US$ 3 bilhões de dólares, o que corresponde a uma receita anual de US$ 600 milhões. Tal valor representa nada menos do que 35% do Produto Interno Bruto (PIB) da Guiana Francesa.
Fonte: http://panoramaespacial.blogspot.com/2010/09/acs-binacional-divulga-informacoes.html
Com informações do CLA
SÃO LUÍS – Lançado com sucesso, na tarde desta segunda-feira (20), o primeiro foguete da “Operação Fogtrein II 2010″, que se estende até o fim deste mês, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O lançamento do Foguete de Treinamento Básico (FTB) ocorreu às 15h10. De acordo com o diretor do CLA e coordenador do projeto “Fogtrein”, coronel-aviador Ricardo Rodrigues Rangel, o foguete atingiu seu apogeu a pouco mais de 26 mil metros do solo – quatro mil a menos do que o esperado -, com 160 segundos de voo até a queda a 11 quilômetros da costa, em alto-mar.
O foguete é desenvolvido pelo Comando da Aeronáutica (Comaer) em conjunto com a Avibras Indústria Aeroespacial. O objetivo é colocar, no mercado mundial, um foguete de baixo custo, utilizado para treinamento operacional. O foguete suborbital, em fase de certificação, é capaz de atingir apogeu a 30 mil metros de altitude, com altíssimo nível de estabilidade de voo e de transmissão de dados.
A “Operação Fogtrein II 2010″ ocorre até o próximo dia 30 de setembro. No dia 28, está previsto o lançamento do segundo foguete, desta vez o Foguete de Treinamento Intermediário (FTI). O FTI alcança, de acordo com o CLA, apogeu de 60 mil metros de apogeu e alcance de 90 km, com capacidade de portar experimentos científicos.
O objetivo da operação é lançar e rastrear os foguetes para fins de certificação, além de treinar a equipe de tecnologistas e equipamentos do CLA, a fim de manter condições operacionais para futuros lançamentos de médio e grande porte, como o do Veículo Lançador de Satélites (VLS), foguete brasileiro desenvolvido com a finalidade de colocar satélites em órbita, previsto para ser lançado nos próximos anos do CLA. Em entrevista coletiva à Imprensa após a Operação Falcão I, em abril deste ano, o diretor do CLA, afirmou que há três datas previstas para lançamento do VLS: 2012, 2013 e 2014.
O Centro de Lançamento de Alcântara realiza até o dia 30 de setembro, a Operação Fogtrein II – 2010, em continuidade ao programa de lançamentos de foguetes de treinamento previstos para este ano. A operação será composta por dois lançamentos: um Foguete de Treinamento Básico (FTB), no dia 20 de setembro (previsão), e um Foguete de Treinamento Intermediário (FTI), no próximo dia 28 (previsão).
O FTB é o primeiro veículo desenvolvido pelo Projeto FOGTREIN, do Comando da Aeronáutica (COMAER) em conjunto com a AVIBRAS, que tem como objetivo colocar no mercado mundial um foguete de baixo custo, utilizado para treinamento operacional. O foguete suborbital, em fase de certificação, atinge seu apogeu a 30.000 metros de altitude, com altíssimo nível de estabilidade de vôo e de transmissão de dados.
Como segunda etapa da operação, será lançado um FTI. Foguete intermediário da família FOGTREIN, o FTI realizou seu primeiro vôo no dia 3 de agosto deste ano, no CLA. Seu próximo vôo será realizado ainda nesta operação, para testar os aperfeiçoamentos realizados em sua estrutura aerodinâmica, a fim de que, após sua certificação, seja comercializado. Vários são os diferenciais deste engenho suborbital, pois é dotado de instrumentos de vôo de última geração, com total interatividade com o seu sistema de comando em terra. Com capacidade de transportar até 30kg de carga útil e de baixo custo operacional, o FTI dará oportunidade às universidades e centros de pesquisa de realizar experimentos com maior freqüência e precisão de dados.
Os lançamentos de FTB e FTI, ocorridos neste ano, têm como objetivo a manutenção do treinamento dos profissionais do Centro de Lançamento de Alcântara. Este tipo de exercício eleva o nível operacional do CLA e mantém constante o exercício de suas atividades-fim: preparação, lançamento e rastreio de engenhos aeroespaciais.
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